COORDENAÇÃO
Profª Drª Erika de Sá Vieira Abuchaim
OBJETIVO
Promover, apoiar e prevenir a saúde mental de mulheres, homens e lactentes no periodo perinatal, ou seja, da gestação até 12 meses pós- parto por meio de atividades de assistência, ensino e pesquisa.
ATENDIMENTO
Psicologia de Segunda a Sexta-Feira, das 08h às 16h com a Drª Erika de Sá Vieira Abuchaim (online).
Psiquiatria de Terça-Feira das 13:30h às 16h com Dr. Elievã I Nunes Macêdo (presencial).
ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Promover acolhimento, realizar triagem, acompanhamento psiquiátrico, psicoterapia, grupos preventivo, educativo e terapêutico. Avaliação precoce de sofrimento psíquico do lactente e encaminhamento para o ambulatório de bebês de risco da UNIFESP.
CONHEÇA O PROJETO ALÍNEA
ALÍNEA AMBULATÓRIO DE SAÚDE MENTAL PERINATAL - UNIFESP
Coordenação: Profa Dra Erika de Sá Vieira Abuchaim (EPE/UNIFESP)
Docente Escola Paulista de Enfermagem
JUSTIFICATIVA
Os transtornos psiquiátricos representam um grave problema de saúde pública mundial e no Brasil, devido a elevada taxa de prevalência, incidência nas primeiras décadas de vida, curso crônico, freqüente associação a incapacitação e mortalidade precoce.
Segundo The global burden of disease cinco das dez principais causas de incapacitação são transtornos psiquiátricos, destacando-se o transtorno depressivo. No Brasil os transtornos psiquiátricos são responsáveis por 1/3 de toda morbidade e incapacitação. A depressão é o transtorno que mais incapacita a mulher (2,3,6,7) tornando-se causa relevante de mortalidade prematura.
Atualmente a psiquiatria está integrada aos hospitais e serviços de saúde como especialidade ou consultoria. Entre as especialidades médicas onde esse intercâmbio se faz imprescindível está a Tocoginecologia, onde freqüentemente aparecem queixas de natureza psíquica, por este motivo o compartilhamento da clínica e de conhecimentos entre os psiquiatras e tocoginecologistas se faz necessário (2,3).
A maior prevalência de transtornos de humor, de ansiedade, alimentares e personalidade borderline no gênero feminino pode ser justificativa para abordagem em saúde mental como promoção de saúde (1,2,3,6,7). Esses transtornos apresentam uma significativa diferença do quadro clínico nas mulheres, com maior incidência de sintomas somáticos o que resulta em grande sofrimento e influencia significativamente no prognóstico do transtorno, provavelmente pela importante relevância que as características biológicas femininas exercem sobre o psíquico e físico (2,3).
O ciclo reprodutivo e as diferentes etapas da vida reprodutiva, nas quais as mulheres passam por significativas alterações hormonais têm importante influência na esfera psíquica, afetiva e comportamental (2,3,4). Existem evidências que há substancial influência hormonal nos transtornos psiquiátricos nas mulheres, particularmente, o estrógeno. Este pode atuar como modulador do humor; provavelmente tem um importante papel na esquizofrenia levando a um início mais tardio deste transtorno em mulheres, resposta terapêutica a doses menores de neuroléptico, curso mais favorável, ocorrência de mais sintomas positivos e sintomas negativos menos graves que em homens. Episódios psicóticos agudos ocorrem com maior freqüência em períodos do ciclo de baixas níveis de estradiol (2,3).
Essas peculiaridades podem exacerbar transtornos preexistentes ou fazer emergir sintomas em mulheres, com predisposição, durante os ciclos: pré-menstrual, gestacional e no puerpério. Verdadeiros "pêndulos hormonais" criando maior vulnerabilidade psíquica (2,3).
Epidemiologicamente as mulheres podem ter até 2,7 vezes mais risco de desenvolver transtornos depressivos que os homens, principalmente nos períodos pré-menstrual, puerperal e perimenopausa. Ao longo da vida a mulher apresenta 21,3% de probabilidade de desenvolvimento de episódio depressivo, para os homens essa probabilidade é de 12,7% (6,7). Há maior comorbidade com sintomas somáticos, sintomas alimentares e ocorrência maior de sintomas atípicos. As mulheres apresentam o triplo de tentativa de suicídio em relação aos homens, embora esses efetivem mais o ato. Os sintomas dos transtornos psiquiátricos aparecem mais precocemente nas mulheres e existem peculiaridades nas respostas aos psicofármacos; as mulheres responderiam melhor aos ISRS (3).
A etiologia dos transtornos psiquiátricos é considerada atualmente como multifatorial, os estressores ambientais e a peculiaridade com que as mulheres são expostas e respondem a eles, provavelmente, influenciam agravando a uma maior vulnerabilidade feminina. Em destaque a exposição a situações traumáticas específicas ao gênero: abuso / violência psicológica, física e sexual (2,3).
Todas essas peculiaridades influenciam direta e significativamente na qualidade de vida da mulher principalmente na gravidez, na manutenção desta, na saúde física, emocional e mental do binômio mãe/filho (2,3,4).
A gestação aumenta o risco de aparecimento ou piora dos sintomas psiquiátricos pré existentes (2,3,4). A ansiedade materna, estressores sociais, sintomas depressivos prévios, suporte social e familiar precário, violência doméstica, gravidez indesejada, vulnerabilidade financeira, baixa escolaridade, gravidez precoce, vulnerabilidade social, uso de álcool e tabaco, uso de drogas ilícitas, história obstétrica complicada influenciam na incidência do transtorno depressivo maior na gestação elevando sua incidência para 12,7%. A depressão na gravidez aumenta o risco de depressão pós-parto, piora seu prognóstico e aumenta a ocorrência de sintomas psicóticos (2,3).
A modificação brusca dos níveis hormonais após o parto, podem em mulheres vulneráveis levar ao aparecimento ou recrudescimento de transtornos psiquiátricos (2,3,4).
Quando se detecta precocemente os sintomas psiquiátricos na gravidez, é possível através de intervenções terapêuticas, reduzir o sofrimento psíquico e suas conseqüências para a mulher e sua prole (2,3). Intervenções durante a gestação são bem efetivas na diminuição da sintomatologia e na promoção de saúde mental, podendo reduzir as complicações na gravidez, no parto e no puerpério com menor ocorrência de abortamentos, maior adesão ao pré-natal, redução ou suspensão do uso de drogas lícitas e ilícitas, diminuição da probabilidade de prematuridade, melhor adesão à amamentação, redução de baixo peso, menor ocorrência de negligência, maus tratos ao bebê, abandono da criança e infanticídio e prevenção de transtorno precoces graves nas crianças visto que os transtorno psiquiátricos maternos ter relação com os acometimentos psíquicos e de desenvolvimento dos filhos (2,3).
A abordagem multidisciplinar é a mais efetiva das abordagens em saúde mental de gestantes, puérperas e lactantes é característico desta intervenção propiciar a maximização de bons resultados , através de peculiaridade e especificidade de cada olhar clínico sobre a gestante, a gestação e a criança (3).
O compartilhamento dos saberes propicia uma integralidade na observação da gestante e potencializa a melhoria dos resultados, por exemplo: o uso de psicofármacos durante a gestação e a lactação deve ser de conhecimento do tocoginecologistas, ao menos os de uso mais freqüentes, bem como a utilização das medicações de indicação obstétrica e ginecológica deve ser de conhecimento do psiquiatra, ambos baseados nas evidências clínicas e científicas (5).
A vulnerabilidade emocional da gestação e o impacto da maternagem em seus aspectos sociais e psicológicos também devem ser de conhecimento dos médicos envolvidos nos cuidados da gestante, pois certas complicações durante a gravidez estão sujeitas a tornarem-se doenças crônicas ao longo da vida (2,3,4).
Gravidez em qualquer etapa de vida nunca é isenta de risco.
OBJETIVOS
➢ Geral
Promover, apoiar e prevenir a saúde mental de mulheres, homens e lactentes no período perinatal, ou seja, da gestação até 12 meses pós-parto por meio de atividades de assistência, ensino e pesquisa.
➢ Específicos
Realizar atendimento multidisciplinar de gestantes, em qualquer idade gestacional e puérperas acometidas por sintomatologia psicopatológica, pregressa ou emergente;
Realizar atendimento multidisciplinar de homens ou mulheres, parceiros (as) de gestantes e puérperas, acometidos por sintomatologia psicopatológicas, pregressa ou emergente, relacionada a perinatalidade ou parentalidade;
Realizar a identificação precoce de sintomas de sofrimento psíquico em lactentes e o encaminhamento para diagnóstico e tratamento especializado.
Desenvolver pesquisas acerca da saúde mental perinatal, visando corroborar com o desenvolvimento de políticas públicas de promoção, prevenção e tratamento acerca dessa temática;
Promover o desenvolvimento teórico-prático de profissionais de saúde acerca da saúde mental perinatal.
SERVIÇOS
➢ Acolhimento;
➢ Triagem;
➢ Acompanhamento psiquiátrico;
➢ Psicoterapia;
➢ Grupos: preventivo, educativo e terapêutico;
➢ Avaliação precoce de sofrimento psíquico do lactente e encaminhamento para o ambulatório de bebês de risco da UNIFESP
HORÁRIO ATENDIMENTO
Psicologia |
Segunda a sexta-feira – 08 as 16h. Atendimento online. |
Profa Dra Erika de Sá Vieira Abuchaim
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Psiquiatria |
Terça-feira – 13:30 as 16h. Atendimento presencial. |
Dr. Elievã I Nunes Macêdo |
EDUCAÇÃO
Permitir que graduandos e pós-graduandos possam participar das atividades a serem desenvolvidas no ambulatório, promovendo assim o aprimoramento dos conhecimentos acerca da saúde mental da mulher, homem e criança no período perinatal.
PESQUISA
O atendimento realizado no ambulatório permitirá a produção e coleta de dados visando o desenvolvimento de pesquisas que contribuirão para o cenário epidemiológico, nacional e internacional, da saúde mental perinatal bem como a ampliação das estratégias de atendimento interdisciplinar.
REFERÊNCIAS
1- Sadock, Benjamin J. Kaplan, Hadorl I. -Kaplan & Sadock Compêndio de psiquiatria - 11ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas - 2017
2- Lopez, J. Ramón R.A. - Psiquiatria em ginecologia e obstetrícia : da adolescencia ao climatério - 1ª ed. Rio de Jandeiro: Rubio - 2013.
3- Rennó Junior, J e Ribeiro, Hewdy Ribeiro- Tratado de saúde mental da mulher - 1ª ed- São Paulo : Atheneu - 2012.
4- Montenegro, Carlos Antonio Barbosa - Resende obstetrícia- 14ª ed - Rio de Janeiro - Guanabara Koogan - 2018.
5- American College of Obstetricians and Gynecologists . Use of Psychiatric medication during pregnancy and lactation. ACOG Practice Bulletin nº92, Obstet Gynecol 2008:111:1001
6- Schramm JMA, de Oliveira AF, Leite IC, Valente JG, Gadelha AMJ, Portela MC et al. Transição epidemiológica e o estudo de carga de doença no Brasil. Ciênc. Saúde coletiva (online). (http:sciel0.br/pdf/csc/v9n4/a1 1v9n4.pdf)
7- Kissler RC. Epidemiology of women and depression. J affect Disord . 2003.